Teatro Gláucio Gill – 31/03/2010 – 13h às 16h.
Diogo, Carolline, Flávia, Adassa e Fabíola.
Primeiro encontro com o elenco completo. Que delícia. Entreguei as quatro os livros de GODOT que comprei para elas. Edição da Cosac&Naify com a tradução que vamos usar. Terminamos de estudar o projeto, falando sobre dramaturgia e encenação. Discutimos o texto da Anne Bogart (Terror, Desorientação e Dificuldade) e o texto do Deleuze (O Ato de Criação). Estamos começando a especular possíveis encenações, partindo dessas referências e conversando e imaginando algo mais concreto. Falamos da palavra “coisa”, da mesma forma que Godot pode ser qualquer “coisa”. Antes do ensaio começar, eu e Carolline nos encontramos mais cedo e conversamos tudo aquilo que eu havia falado com as meninas presentes no primeiro ensaio. Flávia sugeriu uma possível encenação, como se as atrizes se divertissem a peça inteira experimentando coisas a partir do texto e ao término, lembrassem que estavam a esperar Godot. Quem havia formulado uma pergunta que lembra essa idéia da Flávia foi a professora e orientadora Lívia Flores. Ela escreveu nos seus comentários sobre o projeto: “Afinal, o que estávamos mesmo esperando, enquanto esperávamos Godot?”.
A Carolline nos trouxe o comentário sobre o ATO FALHO. É bem interessante, como manifestação repentina do insconsciente. Um movimento pelo qual o inconsciente se dota de fala e FALA. Seja pelo corpo, pela mão, pela voz, pelo tremor. Pelo terror. Voltamos ao papo da repetição que já havia sido falado no primeiro encontro. Desenvolvemos um pouco mais as intuições sobre a GESTALT. Alguém terá que fazer um estudo sobre isso. A partir da próxima semana começaremos os seminários. Será uma forma de estudar mais a funda alguns temas essenciais.
O ensaio teve que ser mais curto. As meninas jogaram uma raia durante 15 minutos apenas. Dentro da raia, puderem jogar também com as quatro edições de GODOT que haviam ganhado. Além disso, foi pedido que explorassem a proporção kinestética de 3:1 e que utilizassem o princípio do desplugamento, que é quando elas se retiram do jogo para observá-lo e voltam ao mesmo tomadas por outra energia que o modifique. Tudo ainda muito esboçado, mas é um início. Em seguida, tiveram dez minutos para improvisar uma discussão sobre a prática exercitada antes (a raia) e o que dela poderia ser aproveitado para a peça. Não saíram muito do lugar. Incrível. A liberdade maior esteve no confinamento dos comandos da raia, quando a liberdade da improvisação as permitiu muito mais, não souberam o que fazer. Ainda assim, escrevi durante a raia no meu caderno “gente, estou corado!”. Há. Não sei. Mas a energia entre as quatro é bem forte e interessante. São as quatro específicas demais. Isso é muito potente. Trabalho a fazer.
Os ensaios voltam na segunda apenas. Paciência. Até lá, cada uma ficou responsável por postar em breve um estudo, comentário, opinião, qualquer coisa, sobre a peça ENSAIO. HAMLET da Cia. dos Atores. O foco do jogo, do qual eu também participarei, será o de analisar a montagem da Cia. pela ótica daquilo que para cada uma se trata do estudo desta nossa montagem de GODOT. Elas já responderam a esta pergunta e vamos desenvolver o trabalho a partir de tais palavras que em breve estarão aqui no blog.
A que distância as atrizes estão de nosso GODOT? Suas expressões tentam nos dizer: