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terça-feira, 2 de abril de 2013

Crítica "O Peso do Referente" ---

Confiram a crítica de João Cícero para Vazio é o que não falta, Miranda. Ela foi publicada na revista Questão de Crítica. Clique aqui ou na imagem abaixo e confira trechos a seguir:

O problema da peça é, certamente, a falta de entendimento acerca da força deste pensamento crítico-iconoclasta. Ele se constrói como gesto de perfuração do ícone. Sobretudo, a fim de esvaziá-lo. Há uma ação, isto é, uma experiência. E não a confirmação de uma inação alienante sobre o referente. Guardadas as diferenças existentes entre os pensadores e seus posicionamentos políticos, torna-se clara na obra dos mesmos o imenso desejo de se debater contra a norma e a convenção instaurada. Existe uma galáxia de distância entre este pensamento iconoclasta e o niilismo alienante (conformista) tão defendido pela sociedade atual. Este conformismo serve de desculpa para o abandono do Estado, a fim de incentivar o domínio do capitalismo como a religião/ícone inquestionável da atualidade.

Entretanto, a sinceridade do espetáculo está no fato de segurar o referente como se o mesmo fosse um ícone extremamente pesado. Os nomes citados pela peça estão ali não necessariamente para serem alienados, assim como o são por um niilismo alienante desrevestido de experiência. Entretanto, não são esvaziados, pois o esvaziamento real se dá por uma experiência de perfuração diante do ícone. Um exemplo claro deste cansaço diante do ícone aparece na cena de Lucky segurando uma pilha de livros e deixando-a cair no tablado. Tal cena alegoriza o cansaço do grupo diante de uma excessiva inflação retórico-teórica do teatro – que, de fato, não é nada teórica e sim retórica, pois se o referente não provoca uma reflexão crítica real, ele está ali apenas mortiço, servindo a uma engrenagem mecânica e discursiva, sem desdobramento de sentido. E a citação ao fim da peça feita por Liberano dos nomes já referidos se constrói de modo cômico-dramático, pois o jovem mimetiza a imagem de um diretor jovem cansado, diante da proliferação retórica de referentes.





segunda-feira, 1 de abril de 2013

MIRANDA no Festival de Curitiba ---

Essa encenação, inicialmente homônima ao texto de Beckett, acabou se transformando em VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA, quando estreamos em setembro de 2010 a primeira temporada na cidade do Rio de Janeiro. Em cena, como diretor, me junto às quatro atrizes para apresentar uma peça construída sobre a impossibilidade de sua construção.


Através de uma sucessão de tentativas para encenar GODOT, agimos certa “poética da negação” porque, após um processo que durou mais de um ano, desacreditamos no esperar de Godot e, ao invés de encenarmos outra dramaturgia, encenamos a nossa própria dificuldade em ter que dar sentido àquilo que não mais nos servia.