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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

último final de semana de nossa segunda temporada

Neste final de semana, contamos com a participação mais do que especial da atriz Dominique Arantes. Venham nos assistir!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Como ser ficção.

Meninas,

começo a escrever aqui o desenho mais preciso que consigo de cada tentativa (cena) de nosso espetáculo. Estamos contagiados com o instável, com o terror que pode - de fato - chacoalhar as estruturas da cena e trazer  o novo. Esquecemos, talvez, que quem ali nos assiste - Miranda - não compartilha conosco nada além do presente. Miranda não tem passado nem sequer futuro. Ela não sabe do processo nem de tudo o que fizemos para estar ali. Miranda apenas é e está, disposta ao desconhecido que nós aos poucos desbravamos ante a ela - sem pretensão ou desejo de explicar, esclarecer, elucidar, dar sentido... Enfim.

O que resta, no além de Miranda, somos nós. Meros descontentes que a cada fala e cena quer rever o tom e refazer para melhorar. Para ser melhor e melhor e, um dia quem sabe, conseguiremos ser infelizes por completo. Tenho percebido isso, o fato de a angústia nossa ser mesmo criacional. Fizemos espelho nos personagens de Beckett e enquanto eles sofrem a existência, nós sofremos a nossa condição: aquela do ser artista, que estreia a todo e cada dia querendo se possível ser eterno, querendo se possível não morrer e domar os segundos. Mas não... Não vamos conseguir frear o que não se freia. Não vamos parar nada, nem sequer um segundo.

O que fazer então? Se a vida avança e nos leva junto? Se a sensibilidade que notamos ter nos machuca mais que encanta? Talvez tenhamos chegado ao limite primeiro e real de tudo isso. Lembram-se do limite? Pois então... Estamos no exato ponto em que para dar cabo à vida, as nossas questões mais internas e inteiras, talvez se mostre preciso torná-las ficção. Chegamos ao limite no qual a nossa sinceridade já não serve mais, porque a consumimos com a fome característica dos que amam. Então, como ser sempre e de novo a cada dia o mesmo sem perder a crença nisso? Como dotar de vida o ser empalhado e fazê-lo voar como se fosse - no momento da peça - um pássaro genuíno?

Limites. Expansões. Precisamos aceitar de vez sermos espaços vagos e não construção. Volto a dizer que Miranda morre a cada vez que projetamos em nós, nossos corpos, alguma possível solução que apazigue seus ânimos. Ontem, no debate-surpresa após o espetáculo, se uma cena dividiu tantas opiniões, como podemos dizer o que é esta cena e o que ela não é? Como podemos firmar em nós um sentido se ela, vazia enquanto possível, sozinha enquanto disponível, soube aglutinar em si uma leitura e outras mais?

Somos sujeitos à interpretação. E não gostaria que fosse o inverso, não gostaria de ser interpretação aos sujeitos. Não. Eles já fazem isso. Nós também o fazemos. Como podemos anular em nós a velocidade que em cada espectador o domina? Como podemos apaziguar nossos corpos para serem apenas um vazio, uma página em branco para os nossos, os deles e também para os disparates de Miranda?

É continuar tentando. Mas, creio eu, com mais crueldade do que até agora nos permitimos tentar.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Foi assim...

Foi assim, fui assistir ao último filme do Godard que está em cartaz nos cinemas e encontrei Miranda ali. Foi assim mesmo. Enquanto assistia ao filme, Miranda percorria viva os caminhos mais sensíveis do meu corpo. O filme permitiu que eu entrasse em contato com o movimento de feitura e acontecimento desse nosso espetáculo que tanto me intriga e me provoca, e foi nesse movimento que compreendi os apelos e as súplicas de você Diogo, diretor desse espetáculo. A verdade meu diretor, por mais absurda que possa parecer é que Godard me ajudou a entender você. Entendo quando você diz que existe a dificuldade de estar ali e que não pode ser amenizada por certezas já conhecidas ou por facilidades reconfortantes. Miranda pinica, Miranda arde. Nesse nosso espetáculo não existe a vontade de querer fazer sentido, as coisas não se constroem pela sua lógica e sim pela força daquilo que não poderia ser outra coisa senão aquilo que ali mesmo se encontra. É uma permissão, é um permitir-se alterar a ordem de tudo, embaralhar os sentidos e não porque isso é bacaninha ou divertido, mas sim porque é vital e necessário, é o realizar-se de um chamado que não tem nome nem forma, mas que é real e urgente. Repito, é um permitir-se. Godard arrisca, arrisca muito, embaralha, desestabiliza, dificulta, grita. E vejo você nesse mesmo movimento. Esse comparar você à Godard pode parecer pretensioso mas entenda é muito mais ingênuo do que exibicionista. A minha tentativa aqui é dispor em palavras uma sensação que só encontra descanso no momento em que a materializo, mesmo sabendo que não existem palavras pra dar conta do que vivo.
Portanto, estou aqui porque não poderia deixar de dizer, estou contigo Diogo, confiando nas suas intuições e compreendendo as suas reivindicações por mais que isso me fira e doa. Acredito em você. Agora mais do que nunca
Beijos e obrigada

domingo, 5 de dezembro de 2010

Falo..............

Fazia tempo que eu não falava. Na verdade, a última postagem Falo............. foi ainda em julho, antes das apresentações na UFRJ. Eu hoje acordei com uma vontade imensa de falar. Ainda pensando sobre a apresentação de ontem, sobre a nossa reestreia. Pensando sobre o lugar do acaso, sobre o erro, sobre a representação e sobre o não representar, de fato. Que barra que eu tenho que ficar sublinhando. O contato com o público tem poder de moldar o espetáculo. E quando menos vemos, estamos ali entregues, fazendo mais do que é a cena, dando ao público aquilo que lhe é legível e que o faz rir. A comédia volta a ser fraca e desnecessária. Sim, parece um lamento. Talvez seja. Mas é bom porque me devolve à responsabilidade de duvidar o tempo inteiro dessa peça. Como diretor, me faz atentar para certas certezas que nos prendemos para amenizar a grande dificuldade que é estar ali.

Um sentido mais radical de exposição precisa perfurar o espetáculo. Um sentido mais consciente, mais claro, que não se abala no encontro com o outro, mas que o domina e reverte a favor do todo. Talvez só consiga ser claro no dizer. Vou conversar com as atrizes hoje. O bom é que estamos começando a segunda temporada e ainda teremos mais cinco apresentações, para tentar, sem fim, tentar...

Na tal postagem escrita em julho, eu dizia E então fizemos esta encenação para brindar aos nossos sonhos. Ela é a mistura do que pode e do que já foi proibido. É a mistura de formas claras e escuros imensos, riscos persistentes e presenças envoltas em sumiço. Ela é engraçada e sinceramente ruim. Ela é o que nós temos de melhor. Mas, sobretudo, é o nosso melhor ruim. O sonho é este lugar, onde tudo e nada se amam, quando tempo e espaço flertam e brigam, se aproximam e se escondem.

Temo que já tenhamos encontrado respostas demais. Que estejamos querendo ser mais solução e certeza do que dúvida e instabilidade. O que não percebemos, talvez, é que estamos respondendo para amenizar a nossa dúvida - imortal. Respondemos a você, mas não porque sabemos. Mas para amenizarmos em nós o nosso próprio não-saber. Para te convencer de que está tudo sobre controle.

E nisso, morremos.

VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA morre toda vez que Miranda - qualquer Miranda - vai embora de nós resolvida, desprendida. Sem nem mesmo uma fagulha de incompreensão. Eu pergunto: se fosse para fazer sentido, poderíamos ficar só nos dicionários, não?

sábado, 4 de dezembro de 2010

Depoimentos

Olá, Você

Este espaço do blog é destinado aos que assistiram ao espetáculo VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA e que desejam deixar por escrito suas impressões sobre a peça. Teatro Inominável é desde já grato pela sua opinião aqui deixada e afirma o quanto ela nos é de extrema importância, justamente, por ser capaz de nos devolver um pouco sobre nós e, sobretudo, também um pouco sobre você, que nos assiste. E para quem destinamos tudo isso aqui...


Fotografia de Alexandra Arakawa, sobre cenário de Rafael Medeiros


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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Espetáculo do Teatro Inominável apresenta quatro atrizes e um diretor tentando montar uma peça de teatro


Segunda temporada começa dia 4 de dezembro, na Rampa, Lugar de Criação

A jovem companhia carioca Teatro Inominável volta aos palcos do Rio de Janeiro com a segunda temporada de seu mais novo trabalho, o espetáculo, VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA. A peça propõe uma reflexão sobre o ato de criação de uma peça de teatro. Tanto o elenco de quatro atrizes (Adassa Martins, Fabíola Sens, Flávia Naves e Helena Cantidio) como o diretor do espetáculo (Diogo Liberano) estão em cena, atados numa busca ininterrupta pelo próprio espetáculo.

Iniciado em dezembro de 2009, o processo foi debruçar-se sobre fontes diversas com o intuito de investigar as etapas do que seria um processo de transposição para a cena dos meandros dramáticos de tais referências. Dentre os estímulos criativos destacam-se ESPERANDO GODOT do dramaturgo Samuel Beckett, filmes como DOGVILLE e CIDADE DOS SONHOS, respectivamente de Lars Von Trier e David Lynch, além do quadro AS MENINAS, de Diego Velásquez.

Por Alexandra Arakawa.

Durante o processo que durou cerca de sete meses, a equipe produziu uma dramaturgia na qual o teatro é o instrumento pelo qual as atrizes tentam se relacionar com o mundo e falar das questões que lhe são caras. A angústia existencial do ser humano lado a lado com a angústia criacional. O espetáculo começou como projeto curricular dentro do curso de Direção Teatral da UFRJ, do qual o diretor Diogo Liberano é graduando. Em seguida, cumpriu sua primeira temporada em setembro, no Teatro Glaucio Gill, obtendo um crescimento de público constante até o término das apresentações.

O diretor pontua: “VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA se configura como uma encenação que é a metáfora do nosso próprio processo de criação”. Na maioria das referências usadas como estímulos para o processo, observou-se um olhar sobre o ser humano marcado pelo absurdo da condição humana, pela angústia e esvaziamento dos valores, resultando num vazio existencial característico do homem contemporâneo. O esforço do Teatro Inominável foi o de tirar proveito do vazio, buscando sinalizar para a sua existência enquanto parte constituinte de todo e qualquer ser.

No blog do espetáculo (desesperandogodot.blogspot.com) é possível encontrar o relatório de cada um dos ensaios, além de artigos, vídeos, imagens e reflexões produzidas pela equipe durante o processo. De acordo com a proposta de encenação (também presente no blog), “não há nenhuma história aparente. Nada é dito. Tudo está para ser construído. O sentido de VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA está na busca do sentido. A peça é uma espera pelo olhar que a habitará e que se completa com a imagem do espectador”.
Serviço
VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA de Diogo Liberano. Comitragédia. Uma reflexão sobre o ato de criação de uma peça de teatro. Tanto o elenco como o diretor estão em cena, atados numa busca ininterrupta por aquilo que já se encontra ante ao espectador: o próprio espetáculo. Com Adassa Martins, Fabíola Sens, Flávia Naves e Helena Cantidio. Dir. Diogo Liberano. (60min). Rampa, Lugar de Criação (R. Sá Ferreira, 202 – Copacabana). Sab e dom, 20h. R$20. 16 anos. Até 19/12.
Local: Rampa, Lugar de Criação (R. Sá Ferreira, 202 - Copacabana - Na saída da estação General Osório)
Direção e dramaturgia – Diogo Liberano
Criação, dramaturgia e atuação – Adassa Martins, Helena Cantidio, Fabíola Sens e Flávia Naves
Atriz convidada – Dominique Arantes
Temporada: 4 a 19 de dezembro de 2010
Dias e horários: Sábados e domingos às 20h
Duração: 60 minutos
Ingresso: R$ 20,00 (vinte reais) e R$ 10,00 (dez reais) para estudantes e maiores de 60 (sessenta) anos
Lotação: 50 lugares
Classificação indicativa: 16 anos
Acesse: desesperandogodot.blogspot.com \ twitter.com/_inominavel