Teatro Gláucio Gill – 09/04/2010 – 13h às 17h.
Diogo, Carolline, Flávia, Adassa e Fabíola.
Raia durante os primeiros 30 minutos iniciais. Foi pedido às atrizes que atentassem para o fato de este não ser um jogo automático, que justamente é um catalisador da percepção, da escuta e da abertura individual e, inevitavelmente, coletiva. Incrível como este foi o melhor jogo até agora. Elas se ouviram mesmo. Fiquei me perguntando: e quando as raias tombarem, fisicamente, eu digo, quando lançarmos as quatro num espaço vazio sem limites muito precisos? Vai ser ótimo. Mas é preciso se gastar no embate com os limites. Ada sugere um movimento repulsa, elas sugerem a prática na raia de um tema, do qual toda a raia passa a girar em torno, no caso “a história dos quatro evangelistas”. A proporção 4:0 mostra sua força. esboçam comentários sobre o próprio jogo (meta), do tipo “eu acho instável”, “eu erro, tu erras, ele erra…”. A Carolle dá o seu ponto de vista sobre Estragon, algo como “Bonitinho o Estragon. Ele gostava disso e daquilo, falava das estrelas, por isso ele era poeta”. Cantam. Flávia mexe com a duração. PdD em duplas. 3 PdD:1 (isso é muito forte quando acontece).
Composições. Havia exposto algumas ferramentas usadas nas composições. As meninas apresentaram composições individuais. FLÁVIA. “Diogo, e se a gente se arrependesse?”. A luminária fria. O corte sendo feito pela luz. Pés, peito. O jogo com o óbvio, o instituído, o lugar–comum: “Você lembra do Mário?”. FABÍOLA. Papéis rabiscados, giz de cera, a história dos dois ladrões tornada legível. Tudo a partir do Godot que não chega. ADASSA. Cadeira, cenário, blusa, figurino. Consulta o caderno. Abraça a platéia. A recebe? Pouca fala. CAROLLINE. Sapatos (ações do Beckett, tirar e colocar). “Não se pode descuidar dos detalhes”. Incômodo em relação a nós que ali estávamos a mirá-la. COMPOSIÇÃO COLETIVA. Tempo e novas indicações para unirem as composições individuais. Saí do palco, tomei um café, voltei e elas me pediram mais cinco minutos. Ouvi uma música e quando abri a porta de volta, tudo estava escuro e só uma luz no centro do palco iluminava um par de tênis (seriam sapatos?). Achei graça (pensei: será que elas estavam esperando eu entrar?). Estavam. Passagens da peça. Tentativas entre as quatro de realizar a cena, tentativas reconhecidas como erro, por isso voltam. Os personagens correndo de uma para a outra. Ou porque agonizam pedindo corpo ou porque bailam gritando a liberdade. A parte dos ladrões foi o embrião mais forte de uma possvel cena, Foi um sofrimento que todas entendessem aquilo que uma apenas tentava e conseguia (ou não), explicar.
Texto. Roubar texto e personagens. Leituras seguidas de um mesmo trecho. Leituras rápidas, muito rápidas, sem possibilidade de pausa.
Impro. Sorteei entre elas quatro papéis. Dois com a inscrição META, dois com TEATRO. Formaram duplas. Foi isso: uma dupla usou o trecho estudado anteriormente como mote para construção da representação de GODOT (Flávia e Carolle). E a outra (Ada e Fabíola) exploraram o diálogo entre as personagens como fosse um diálogo entre duas atrizes – elas – na sala de ensaio. Ao término do ensaio, conversamos bastante e vimos alguns pontos de interesse/desinteresse. Não sei fazer esse teatro representacional. Mas é preciso investir nessa loucura, não? Estamos investindo. Para depois, pular fora.
QUAL É A AÇÃO QUE MOVE ESTA MONTAGEM? O JOGO?
Antes da foto, eu havia perguntado a elas qual era o entusiasmo à possível encenação de ESPERANDO GODOT seguindo o molde das personagens, suas ações escritas, seguindo a representação “clássica”… Deu nisso.