Godot, Hamlet, Godot por que perco o foco quando escrevo estes nomes Godot?
Desabo e desato, Godot.
A expansão de uma possibilidade escrava de te esperar me investe sensibilidade aos ouvidos, e lá longe escuto um sino, um badalo. Agora parou. Não, não parou não.
Fosse eu apenas escuta, uma ficção de mim mesma, qual seria o próximo passo?
Minha tarefa, assim como a sua Godot, é expandir o alcance da dança. Enquanto te escuto (ou escuto-estudo) meu corpo me diz que preciso vibrar.
Vibrar em movimentos pares, me tornar uma personagem-peça deste jogo. Uma atleta mesmo- como Artaud falou.
Expansão da consciência na dança com as atrizes pares, com o público. Expandir a humanização deste corpo-escuta Godot. Hamlet, Godot, Godot. Por que perco o foco enquanto escrevo Godot?
(o pensamento decolou)
Olhos ouvidos e mãos e pernas e tronco e coluna vertebral e língua e canto e voz e precisão e imprecisão e troca e até onde mais o que posso fazer de melhor e o que posso fazer de melhor até o papel do rascunho acabar e a peça acabar e a vida continuar. Porque eu quero viver além do teatro e o teatro é o berço, é o terço, a quarta parte da vida. Creio que seria o contrário se eu não fosse cara aos afetos do limite. Serei cara, afetuosa com meus limites. Expansão com saúde, agregando todos os momentos.
Pela ritualização da vida!!!
Pela naturalidade do mistério cotidiano!!
O mundo (ou eu?) está (estou?) doente de conforto, doente de escuta e inação.
"Tá apertado, tá apertado, tá apertado" reclama Hamlet na montagem da cia dos atores. A vingança é seu meio e busca de expansão. Tudo ali é expansão. Dos limites da expectativa criada a cada cena. "Um mito em movimento precisa ser quebrado".
Ser ou não ser? Tá apertado Flavia, tá apertado Adassa, tá apertado Fabíola, tá apertado Diogo...
O que estamos mesmo fazendo?
Pra ouvir: (clique) CAFÉ enquanto espera.