Unirio – 19/05/2010 – 13h às 17h.
Diogo, Carolline, Flávia, Adassa, Fabíola e Leonardo Samarino.
Lucky voltou. Para comemorar, persistimos neste ensaio por sobre o mesmo movimento que o anterior: o sexto. De imediato, partimos da construção dos encadeamentos narrativos que compõem a dramaturgia. Pedi que as atrizes fizessem quatro fotos com intuito de visualizarmos certa progressão narrativa dos acontecimentos. E para cada uma das quatro fotos, uma delas deu um título:
VLADIMIR E ESTRAGON TENTAM PREENCHER O TEMPO E POZZO SE APRESENTA, disse Fabíola;
VLADIMIR E ESTRAGON CONHECEM LUCKY, disse Adassa;
VLADIMIR SURTA E LUCKY BATE EM ESTRAGON, disse Flávia;
ESTRAGON GOSTA DA REPRESENTAÇÃO DE POZZO E PROPÕE UMA NOVA BRINCADEIRA, disse Caroll.
Partimos dessas imagens para não nos perdermos na improvisação. A princípio, porque depois fica inevitável e se perder torna-se necessário. De tudo o que foi feito, pontuo algumas coisas que saltaram:
. o pozzo de ada é carinhoso e amável com lucky;
. volto a pensar nos dois como uma dupla de intérpretes;
. a catatonia de lucky às vezes anula a presença da fabíola – isso serve e não serve;
. pozzo me parece não ver o público, tamanho o entretenimento que encontra consigo mesmo;
. tiram fotos (asseguram o encontro, sendo a fotografia um estatuto de presença);
. didi e gogô querem entreter a dupla de desconhecidos, tentam de tudo, querem soar interessantes;
. lucky começa a chamar mais atenção para didi e gogô do que pozzo – isso é sério!;
. lucky permanece estático numa posição de ataque, na qual pozzo entra e finge ter sido agredido.
Num dado momento, foi permitido apenas ao personagem Lucky falar alguma coisa. O que surgiu:
. ada ao guiar lucky pela corda amarrada ao pescoço acaba sendo puxada e comandada pelo movimento de fabíola;
. dá muita merda quando a fala entra na proporção 3:1, ou seja, apenas uma fala e as outras três são obrigadas apenas a ouvirem.
Em seguida, investimos num trabalho de leitura seguido de improvisação imediata do movimento lido. Durante a leitura do sexto movimento, a Flávia retomou o uso do jogo dicotônico, fazendo todo o gestual de uma fala de Estragon que outra atriz falava (“Bagagem! Por quê? Nunca! No chão!”). Encontram alguns interlocutores para o tal “porco” das falas de Pozzo (que é Lucky): neste dia, Flávia levou um dispositivo para o ensaio que era justamente um porquinho-cofre.
Ao término do ensaio, fizemos um trabalho especificamente de mesa. Isso me fez pensar em como é possível ter uma cena do espetáculo que parta da leitura daquela mesma cena que será, em seguida, encenada. Comecei a pensar em anagramar os movimentos. A leitura foi frenética em muitos momentos.