" As pessoas em Sarajevo levam uma vida angustiante; esse era um Godot angustiante." Sontag
Em 1993, Susan Sontag encenou "Esperando Godot de Samuel Becket, em Sarajevo, na Bósnia, em plena guerra civil. O espetáculo estreou em um cenário desolador: uma cidade sitiada e gélida, sob constantes ataques. Com luz de velas, som de bombas e tiros e atores cansados, deprimidos e mal alimentados.
"É claro, há uma diferença entre o primeiro ato e a repetição do primeiro ato, que é o segundo ato. Não foi apenas um dia que passou. Tudo está pior. Lucky não consegue mais falar. Pozzo agora está patético e cego. Vladimir entregou-se ao desespero. Talvez eu tenha sentido que o desespero do primeiro ato era o suficiente para a platéia de Sarajevo e quisesse poupá-los de uma segunda vez, em que Godot não vem. Talvez eu quisesse sugerir, de forma subliminar, que o segundo ato poderia ser diferente. Pois, precisamente, Esperando Godot era uma ilustração tão adequada dos sentimentos dos habitantes de Sarajevo, agora - privação, fome, desalento, a espera de que uma potência estrangeiro e arbitrária os salvasse ou os tomasse sob a sua proteção - , que parecia também adequado encenar Esperando Godot, Primeiro Ato." ( pág 399. SONTAG, Susan. Questão de Ênfase. Ed. Companhia das letras. 2005. São Paulo.)
Questão de Ênfase, Susan Sontag - capítulo "Esperando Godot em Sarajevo" pág 381
http://books.google.com.br/books?id=m5VPpIOLYn8C&pg=PA381&lpg=PA381&dq=esperando+godot+sarajevo+susan&source=bl&ots=PjfakEz&sig=RqMzsfyqVjG69Lbh8vVaOvswLcs&hl=pt--BR&ei=4KWps503NcSOuAfy5p1T%sa=Xoi=book