O homem contemporâneo está paralisado pela confusão tanto do seu mundo interior quanto do mundo exterior. Sua personalidade é fragmentada; sua consciência está em conflito e em constante fluxo. Ele é incapaz de ter certeza nas suas percepções ou mesmo expressar as percepções de modo a estar habilitado a se comunicar. De que maneira então ele pode agir como um Eu único? O mundo exterior, privado de idéias absolutas, longe tanto do paraíso quanto do inferno, está imerso num estado dinâmico de caos ainda maior. ( Celso de Araujo Oliveira Jr. “Samuel Beckett – o retrato do artista enquanto crítico”)
Quem desespera não pode morrer. Dessa maneira, como um punhal não serve para matar pensamentos, também o desespero, verme imortal, fogo inextinguível, não devora a eternidade do eu, que é seu próprio sustentáculo. [...] Bem longe de consolar o desesperado, ao contrário, o insucesso do seu desespero em destruí-lo é uma tortura. (Kierkegaard, 2003, p. 24)
...Para Beckett tanto quanto para Sartre, o homem tem o dever de encarar a condição humana como reconhecimento de que a raiz de nossa existência está no nada, a liberdade, e a necessidade de nos criarmos constantemente por intermédio de uma sucessão de escolhas. (Esslin, 1968, p. 54)