"...é o início de um novo trabalho de análise do teatro de Samuel Beckett. É uma proposta de trabalho apenas iniciada. Parece fundamental constuí-la a partir da discussão a respeito dos conceitos de tempo e cogito e de suas inter-relações- exatamente o uso do tempo para tratar da dissolução do sujeito. Envoltas por um tempo que não é cumulativo, mas antes, fragmentário, repetitivo, as personagens de Beckett são incapazes de erigir idéias claras e precisas. São racionalidades distantes da dúvida metódica, afundadas na dúvida empírica, incapazes de toda a certeza. Não são mentes finitas inspiradas por uma idéia inata, anterior, de infinito, de perfeição, que garante a possibilidade do saber. Assim, só sabem duvidar."
trecho do artigo de Tânia Brandão Esperando Godeau: Beckett e a inversão do classicismo.