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domingo, 3 de janeiro de 2010

Meta.


Roman Jakobson, em seu livro Linguística e Comunicação, desenvolve aquilo que chama de funções de linguagem. Jakobson parte de uma análise dos elementos da comunicação, que são: emissor (quem emite, transforma a mensagem em código), receptor (recebe, decodificando a mensagem), mensagem (conteúdo a ser transmitido), código (conjunto de signos usados para a expressão da mensagem), referente (é o contexto relacionado ao emissor e ao receptor) e canal (meio pelo qual a mensagem circula). A partir destes elementos, o autor desenha seis funções de linguagem, que são:

Função emotiva ou expressiva | foco: EMISSOR.
Mensagem centrada em opiniões, sentimentos e emoções do emissor. Texto subjetivo e pessoal.
Características principais: uso da 1ª pessoa do singular, interjeições, reticências, exclamação.
Exemplos: textos líricos, autobiografias, memórias, poesia lírica e cartas de amor.

Função referencial, denotativa ou cognitiva | foco: REFERENTE/ASSUNTO
Ênfase dada ao conteúdo, às informações, sem opinião pessoal, de forma objetiva, direta, denotativa.
Características principais: uso da 3ª pessoa do singular.
Exemplos: textos jornalísticos, científicos e outros de cunho apenas informativo.

Função apelativa ou conativa | foco: RECEPTOR
Ênfase na tentativa de influenciar o receptor, de chamar sua atenção.
Características principais: uso da 2ª pessoa do discurso (tu/você; vós/vocês), vocativos e imperativo.
Exemplos: textos publicitários, discursos políticos, horóscopos e textos de auto-ajuda.

Função fática | foco: CANAL (o que dá suporte à mensagem).
Emissão para testar ou chamar a atenção para o canal. Verificação do meio pelo qual a comunicação se estabelece, a fim de confirmar o contato e prolongá-lo.
Exemplo: expressões como alô, né?, certo?, ahã...

Função poética | foco: MENSAGEM
Interesse pela mensagem através do arranjo e da estética, valorizando palavras e combinações.
Características principais: intensivo uso de figuras de linguagem, combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de idéias.
Exemplos: poesia, textos publicitários, provérbios, ditos populares e linguagem cotidiana.

Função Metalingüística | foco: CÓDIGO
Pode ser condencorada como a liguagem que fala da própria linguagem. A linguagem (o código) é o objeto de análise do próprio texto.
Exemplo: dicionários e as gramáticas são repositórios de metalinguagem. (Quando o dicionário define uma palavra qualquer, ao mesmo tempo de essa palavra ser da língua em questão, ele explicita o que ela significa, ou seja, a linguagem que fala da própria linguagem).


Passada essa síntese, podemos ficar com o META e seguir experimentando associações: metadiscurso, metaliteratura, metapoema, metanarrativa, metateatro. As linguagens são muitas, logo, o processo de usar a linguagem para falar dela mesma pressupõe um jogo que expõe o processo de criação desta linguagem. É como se o ato de criar fosse se desvelando a cada acesso novo feito a ele. Assim, o recurso da metalinguagem se vê nas mais variadas formas de criação (artística).

Em breve, começarei a desenvolver melhor este assunto.
Fontes: