A vergonha bate à porta. Já tentaram algumas coisas, mas nada funcionou até então. Por isso, resolvem encontrar justificativas, inventar desculpas para amenizar o fato de estarem indo por um caminho pouco interessante dentre dessa encenação de ESPERANDO GODOT. Pedem desculpas, colcoam a culpa no Beckett, com os livros nas mãos, tentam dizer que são obrigadas a dar somente as falas do original. Entram numa interpretação de si mesmas que é o over do clichê, são atrizes interpretando a si mesmas. Com as devidas ampliações e exageros. Não sabem ao certo o que fazer. Até que surge uma pausa. Que elas tentam preencher. Diga alguma coisa. Diga alguma coisa. Diga alguma coisa. Estou tentando. DIGA QUALQUER COISA. E eis que uma das atrizes diz qualquer coisa, a primeira coisa que lhe vem à cabeça e que virá a instaurar um jogo improvisacional a partir do tema dado. PRECISAM SE OUVIR, DAR UMA FALA DE CADA VEZ. PRECISAM NOS DEIXAR VER QUE SUAS CADEIRAS SÃO SUSTENTADAS PELO LIVRO DE BECKETT E QUE QUANDO ESTE SAI, ELAS (ATRIZES E CADEIRAS) FICAM BAMBAS. ESTABELECER O CLIMA ENTRE AQUELAS QUE ESTÃO NA MESA. POZZO NO DICOTÔNICO, FALANDO APENAS AS SUAS FALAS E NÃO AS OUTRAS. DUBLANDO AS OUTRAS, QUERENDO FALAR, MAS NÃO FALANDO. DEPOIS DO TEMOS TODAS AS VOZES, MORTAS! DAR UM TEMPO PARA QUE CADA UMA REVELA A SUA MANEIRA DE SE RELACIONAR COM O LIVRO. TEMPO. AS COISAS ESTÃO SE ATROPELANDO.
A atriz que falar primeiro depois da fala improvisada será a responsável pela proposta de improvisação. E terá a liberdade de falar o que fizer, sendo que as outras três deverão improvisar a cena proposta pela colega seguindo o texto de Beckett.