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segunda-feira, 19 de julho de 2010

O QUE FICA

Se a vida tem dessas coisas bonitas, uma delas é esse encontro que se deu entre nós: quatro meninas, um diretor, um autor e Godot, sempre ele Godot.
Godot no dicionário inominável da língua portuguesa é: aquilo que não cede, que não recua, que não desiste, que não finda.
Godot resiste em terra de ninguém, Godot persiste em tempos imensuráveis, ainda Godot e mais uma vez Godot. Se Godot é um enigma que não quer ser decifrado, modéstia à parte, fizemos um belo trabalho.
Beckett e sua peça “Esperando Godot” nos convoca à provocação e Diogo Liberano aceitou o desafio sem antes, é claro e porque não, revidar a provocação convidando quatro atrizes para interpretarem os quatro e únicos personagens masculinos da peça. E assim foi. E assim é. Mulheres um tanto homens, homens ainda mulheres, mulheres por vezes meninos, meninos ainda meninos. Estamos há um dia da estréia e eu só tenho duas certezas: não ter a menor idéia do que seja esse espetáculo e estar apaixonada por isso.
O pequeno relato que faço a seguir ajuda a ilustrar o que acaba de ser dito: são três e cinqüenta e três da manhã, não consigo dormir porque completamente tragada e envolvida (por essa potência que é o teatro e que igual só mãe quando tem que arrancar o filha da boca do jacaré) tento escrever a sinopse senão da peça, pelo menos da primeira cena-tentativa do espetáculo, quando finalmente acho que consegui o que tenho é assim: Um porco é quebrado pelo cão que lia a história contada pela menina- moço, que esperava o gato ser arremessado pela moça- velho que tagarelava sem parar com a moça- outro, que ainda não havia entrado na história de Godot.
Essa poderia ser uma das sinopses da peça, como também tantas outras dependendo mais da vontade, que da capacidade inventiva de cada um. A peça é um convite ao desconhecido, e como todo bom convite que se queira bom convite é mal- intencionado, o nosso não poderia ser diferente, acolham a contradição com os olhos fechados e as mãos abertas. Acreditem, somos inesgotáveis!
Obrigada Fabíola por me deixar falar com uma santa paciência e por dizer o que eu precisava escutar; obrigada Adassa por me surpreender tantas vezes e tão boas vezes; obrigada Carolê pelo companheirismo, pela sincera lealdade e pelos latidos, obrigada Diogo por não ceder e principalmente por me comprar em kit completo, pagando à vista e sem exigir a nota fiscal. Obrigada Diogo por me deixar existir. Muito obrigada a Léo, Rafa, Bru, Davi, Lívia, Gabi, Ronald, Vinícius, Diogo, Vanessa, Santos, Juarez e a toda essa equipe de Godot que nos acolheu com tanto amor. Para finalizar, obrigada a todos pela coragem. Bom vôo para todos nós!