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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Por que QUEM ALCANÇA SEMPRE ESPERA?

Porque é óbvio, não? Você come um doritos e após acabar com todos, restará perdido dentro de você o desejo de mais um, de só mais um. A galera sabe disso. A galera se aproveita e desce a mão. Tem um chocolate no Brasil chamado Bis. Quer dizer, ele nos sugere que talvez possamos querer sempre mais um, sempre mais, sempre.

Acho que quem alcança - aquilo que deseja - sempre espera porque o desejo é força renovável. O desejo não acaba. Não enquanto formos vivos. É essa a ordem natural. E se não soubermos disso, nos cobraremos um mar de insatisfações que só nos fazem mais desenfreadamente consumir, na tentativa de dar conta do segundo. Espere um instante. Nós podemos restar sem sentido. O sentido é só um pedaço de chocolate. Que quando deglutido, acaba e nos deixa enfim ansiosos de novo pela redenção que o consumo parece causar.

Em VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA a coisa da espera não faz sentido. Por isso invertemos o ditado popular. Por isso agredimos o ditato popular, o inconsciente coletivo. Não vem com esse papo de que quem espera sempre alcança. Nem sempre alcança. Quem espera fica sedentário, isso sim. Quem só espera engorda e falece seus sonhos. Ou nem isso. Podemos apenas nos olhar no espelho e perceber que aquele que alcança, sempre vai ficar a espera do que ainda não veio. Ou do que veio e poderá enfim vir novamente.

Somos máquinas desejantes, já diria Deleuze e Guattari. É verdade. Pura verdade. Nossa condição natural é a de ser esquizofrênicos, em profunda relação kinestética com o mundo e seus valores, suas relações e composições. Se sabemos disso, o desafio reduz seu tamanho - que é grando posto seja reificado - e a vida ganha uma simplicidade que beira a um jogo simples de ligar e desligar, de ir e vir, de ser e estar. Quero dizer: vamos ser conscientes de toda a nossa merda, de todo o nosso não-sentido, vamos ser donos da nossa falência para, no mínimo, podermos rir disso.

É isso. Quem espera escolhe esperar. Quem alcança, por extensão, também pode escolher chegar lá. Onde quer que seja o lá. Onde quer que seja o aqui. Quem espera sempre alcança para que você perceba que está faz minutos sentada na frente do computador quando o mundo te convida a ser você e você faz o quê? Espera. Como um burro na multidão de burros. Como um potencial desistido no mar de desistidos.

Levante.

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