Começo agora, de forma mais concentrada e ativa, a pensar neste próximo espetáculo. Será o meu segundo exercício de direção na faculdade de Direção Teatral da UFRJ. O primeiro, que se concluiu ontem, foi a montagem NÃO DOIS, a partir da obra de Eduardo Pavlovsky, PAS-DE-DEUX. (Para maiores informações sobre NÃO DOIS, acesse pdpdd.blogspot.com).
Como segundo exercício de direção teatral, devo fazer uma montagem de no máximo uma hora de duração. Além disso, devo me ater à montagem de um texto dramático, que não pode ser escrito por mim. Qualquer aventura que estiver flertando com reescritura da dramaturgia, ou dramaturgia de processo, etc e tais, está vetada. Enfim... Estou buscando alguma mobilidade dentro das regras (da disciplina Direção VI).
Para esta disciplina, tinha de antemão o desejo de trabalhar com um texto clássico. Por clássico entendo unicamente um texto já maculado pela história. Um texto fortalecido por esta, um texto com histórico, pintado pelo tempo, pelas tentativas, maculado por milhares de mãos que já o tentaram, que o especularam, que nele vieram a se perder. Mais do que isso, queria um clássico mas para com ele realizar uma coisa de duas opções que via como possíveis: ou eu pego um clássico para profaná-lo. Ou eu pego um clássico para ser por ele estuprado.
Sim, não quero ser estuprado. Quero profanar o clássico para valorizá-lo. Quero com ESPERANDO GODOT descobrir o tamanho da nossa espera atual. Será ela ainda a mesma? O que ela será? Como se dá, como se opera, como hoje conseguimos com a espera lidar? Muitas questões, muito a fazer. Sustento ainda e sempre, talvez, a percepção do sincero.
Para finalizar esta primeira abordagem, lanço a minha maior insatisfação. Lanço a questão que me move rumo a(o) Godot: você ainda aguentaria esperar por Godot? Eu não aguento mais. Godot precisa chegar. E já na primeira cena.