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domingo, 5 de dezembro de 2010

Falo..............

Fazia tempo que eu não falava. Na verdade, a última postagem Falo............. foi ainda em julho, antes das apresentações na UFRJ. Eu hoje acordei com uma vontade imensa de falar. Ainda pensando sobre a apresentação de ontem, sobre a nossa reestreia. Pensando sobre o lugar do acaso, sobre o erro, sobre a representação e sobre o não representar, de fato. Que barra que eu tenho que ficar sublinhando. O contato com o público tem poder de moldar o espetáculo. E quando menos vemos, estamos ali entregues, fazendo mais do que é a cena, dando ao público aquilo que lhe é legível e que o faz rir. A comédia volta a ser fraca e desnecessária. Sim, parece um lamento. Talvez seja. Mas é bom porque me devolve à responsabilidade de duvidar o tempo inteiro dessa peça. Como diretor, me faz atentar para certas certezas que nos prendemos para amenizar a grande dificuldade que é estar ali.

Um sentido mais radical de exposição precisa perfurar o espetáculo. Um sentido mais consciente, mais claro, que não se abala no encontro com o outro, mas que o domina e reverte a favor do todo. Talvez só consiga ser claro no dizer. Vou conversar com as atrizes hoje. O bom é que estamos começando a segunda temporada e ainda teremos mais cinco apresentações, para tentar, sem fim, tentar...

Na tal postagem escrita em julho, eu dizia E então fizemos esta encenação para brindar aos nossos sonhos. Ela é a mistura do que pode e do que já foi proibido. É a mistura de formas claras e escuros imensos, riscos persistentes e presenças envoltas em sumiço. Ela é engraçada e sinceramente ruim. Ela é o que nós temos de melhor. Mas, sobretudo, é o nosso melhor ruim. O sonho é este lugar, onde tudo e nada se amam, quando tempo e espaço flertam e brigam, se aproximam e se escondem.

Temo que já tenhamos encontrado respostas demais. Que estejamos querendo ser mais solução e certeza do que dúvida e instabilidade. O que não percebemos, talvez, é que estamos respondendo para amenizar a nossa dúvida - imortal. Respondemos a você, mas não porque sabemos. Mas para amenizarmos em nós o nosso próprio não-saber. Para te convencer de que está tudo sobre controle.

E nisso, morremos.

VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA morre toda vez que Miranda - qualquer Miranda - vai embora de nós resolvida, desprendida. Sem nem mesmo uma fagulha de incompreensão. Eu pergunto: se fosse para fazer sentido, poderíamos ficar só nos dicionários, não?