Foi assim, fui assistir ao último filme do Godard que está em cartaz nos cinemas e encontrei Miranda ali. Foi assim mesmo. Enquanto assistia ao filme, Miranda percorria viva os caminhos mais sensíveis do meu corpo. O filme permitiu que eu entrasse em contato com o movimento de feitura e acontecimento desse nosso espetáculo que tanto me intriga e me provoca, e foi nesse movimento que compreendi os apelos e as súplicas de você Diogo, diretor desse espetáculo. A verdade meu diretor, por mais absurda que possa parecer é que Godard me ajudou a entender você. Entendo quando você diz que existe a dificuldade de estar ali e que não pode ser amenizada por certezas já conhecidas ou por facilidades reconfortantes. Miranda pinica, Miranda arde. Nesse nosso espetáculo não existe a vontade de querer fazer sentido, as coisas não se constroem pela sua lógica e sim pela força daquilo que não poderia ser outra coisa senão aquilo que ali mesmo se encontra. É uma permissão, é um permitir-se alterar a ordem de tudo, embaralhar os sentidos e não porque isso é bacaninha ou divertido, mas sim porque é vital e necessário, é o realizar-se de um chamado que não tem nome nem forma, mas que é real e urgente. Repito, é um permitir-se. Godard arrisca, arrisca muito, embaralha, desestabiliza, dificulta, grita. E vejo você nesse mesmo movimento. Esse comparar você à Godard pode parecer pretensioso mas entenda é muito mais ingênuo do que exibicionista. A minha tentativa aqui é dispor em palavras uma sensação que só encontra descanso no momento em que a materializo, mesmo sabendo que não existem palavras pra dar conta do que vivo.
Portanto, estou aqui porque não poderia deixar de dizer, estou contigo Diogo, confiando nas suas intuições e compreendendo as suas reivindicações por mais que isso me fira e doa. Acredito em você. Agora mais do que nunca
Beijos e obrigada