O princípio, a gasolina, o que nos move em Miranda é a certeza de sermos inesgotáveis.
Aquilo que se esgota nos permite pensar que tudo o que foi feito teve um fim, por isso se esgotou, não dá mais, está acabado, está redondo, um esgotamento é uma ideia fechada e pronta, é um dado, um fato, "isso se esgotou", ficamos satisfeitos com esta constatação porque parece que mesmo sem sucesso podemos partir para outra sem o peso do abandono na consciência.
A inesgotabilidade nos possibilita gastar o que já foi feito, tornar a abrir o que parece fechado, deixar que acreditemos que não foi acabado o que já se bastou por tantas vezes. Ser inesgotável é qualidade do que pisa em cima de novo, do que torna a acreditar que ainda há suco, ainda dá caldo, e essa quantidade de tentativas pelo mesmo fim ou mesmo objeto transforma o ser humano num buraco sem fundo, num fora da lei.
Por que e somos inesgotáveis? Sim. Para conseguir dar cabo de Miranda até o fim.