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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Sobre o ofício do ser ator

Estou dentro de um onibus passando pela Lapa no Rio de Janeiro. Acabo de voltar do primeiro reencontro com o elenco de Miranda. Como pode esse trabalho ainda hoje ecoar tanto seu sentido?

Suspeito que estejamos de fato atravessando tudo aquilo que criamos sem pretensa intencao. A peca que hoje temos eh a nossa nao consciencia sob forma estetica e gesto sensivel. Eh um jogo que jogamos e que ao mesmo tempo brinca e zomba com e de seus atuantes.

Qual seria o sentido de voltar a isso? Instabilidade. A vida em concentracao cheia de ira e gracejo. Voltamos a Miranda porque o tempo nao cessa de fazer sentido. Voltamos porque aqui estamos. E por vos, esperamos.

Refazer Miranda eh fazer Miranda. Estar em Miranda sempre foi estar nesse lugar da atualizacao sensivel: sempre jogamos a vida para ve-la se multiplicando e recombinando. Para ver a vida se refazendo. Nao ha espera. O que persiste eh movimento expresso em tentativas.

Voltamos porque queremos desdobrar dramaturgia. Queremos falar de criacao. Porque isso nos urge e dinamita. Porque faz ser possivel migalha de pao em estrela brilhante. Porque o drama nos possibilita. E se passo agora pelo sambodromo, me faco pensar como quero sambar este absurdo. O do mundo.

Miranda me soa hoje como a batida exata e precisa capaz de ranger todo e qualquer conformismo. Eh certa inercia prenhe de frutos escondidos.

Encontro. Encontro. E a pesquisa do que possa colocar nosso encontro em risco. Sempre em risco. Para que ele ainda mais se fortaleca. Ele ambos. O encontro. E o risco.

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