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domingo, 19 de junho de 2011

Saudosa Miranda,


Paramos de medir o tempo, pois a sua ausência aflora a cada segundo. Ou, assim temos percebido, a sua presença – travestida de adeus – persiste no correr dos dias, tornando a sua falta uma coisa tão precisa. Não há jeito. Acostumamos, por conta sua, a desconfiar de todo e qualquer pré-texto, e então, restamos agora ansiosos pelo jogo nosso com as coisas deste mundo. Ansiosos pelo jogo das coisas com nós mesmos que aqui estamos. O sentido, no final das contas, virou algo capaz de ser apenas quando em pele. E para isso é preciso o toque. Sem ele, não cessaremos o duvidar.
Nossa dúvida porém é toda cheia de cuidado e amor, viu? Não se desespere. Não é simplesmente invenção, a nossa dúvida é ardor, agitação do corpo para dar conta de. Não importa dizer. Tenho falado tanto de ti, aos outros, a mim mesmo, quase sempre eu lembro de tudo aquilo que vivemos juntos e, enfim, as palavras agora me fogem e eu resto impreciso especulando o que o corpo carrega adiante.
Você mudou muita coisa em minha vida, Miranda. Conferiu muito sentido quando todo o redor esteve cambaleante. Você fez a poesia nascer de onde nem sequer nasce uma lágrima. Você inverteu as possibilidades do certo e do errado, do bonito e do feio. Você me permitiu, querida Miranda, saber ser ser ao meio.
E eu agradeço. E eu escrevo-lhe essas palavras como formar de deixar aqui registrado: você não está distante, você não se foi, você está aqui e ao redor, você em nós existe como ser multiplicado. Sabe?
Nem precisa dizer. Sua ação me envolve e me faz crer. No quê? Não importa dizer. Dizer estraga (quase) tudo.
Do seu,
Diogo Liberano