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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ensaio #20


Unirio – 21/05/2010 – 11h30 às 15h30.
Diogo, Carolline, Flávia, Adassa e Fabíola.

Conversamos um bastante. A Carollê nos trouxe a sua opinião determinante sobre a peça: trata-se de um espetáculo voltado para um público infanto-juvenil. Público diante o qual a ideia de tentativa parece ser ininterrupta, porque visualizamos nessa fase uma época da vida em que se tenta tudo, onde a tentação está aflorada.

Somente às 13h20 começamos uma raia. 5 comandos, repetição, texto do sexto movimento. dei um tema: tentar preencher o tempo e percebi que este só era preenchido realmente quando acontecia algum jogo, realmente, quando elas se perdiam dentro de um jogo. ou seja, é óbvio que o tempo segue sem preenchimento ou não. mas preencher o tempo quer dizer não percebê-lo, quer dizer tirá-lo do primeiro plano, deixar-se não mais ser oprimido pelo tempo. divertir-se com o seu passar. com o seu envelhecer.

quando elas encontravam um jogo em comum o tempo realmente era preenchido. quando não, via-se apenas a tentativa do preenchimento. (apesar de eu achar que o tempo foi preenchido, não da mesma forma, mas foi)... o 3:1 voltou. percebi nesta raia - uma das mais incríveis - que pela tentativa as atrizes saltavam ao plano simbólico. via tentativa elas viravam poetas e faziam da pedra um acontecimento. uma estrela.

estragon arrota. implodiram as raias sem delas sair. perceber que se uma não está ali, todas as outras se perdem. pelúcia. um gato. pozzo entrando joga a caneta para o ar e só dá a sua fala quando consegue capturar a caneta voadora. pozzo passa o seu texto. vladimir destrói todo o cenário. lucky deveria juntá-lo? vladimir condena pozzo fazendo em lucky tudo aquilo que condenava em pozzo (a violência feita sobre lucky).

pozzo beija lucky.

dei alguns objetivos para cada uma e pedi que começassem a improvisar com eles: FABÍOLA) chamar o máximo de atenção; ADASSA) parecer o menos interpretativa; CAROLLINE) desordenar, provocar o caos sem deixar isso explícito; FLÁVIA) ordem, organização.

lucky entra e didi e gogô o tomam por godot. ele é mais interessante desde o início. é estranho. a corda arrebenta e pozzo fica surpreso. meio que perde o controle da situação. flávia dá o texto fora da área cênica. sentimos a sua voz girando ao redor de um prédio, começando numa porta e saindo em outra. "sr, por que ele não põe a bagagem no chão?". a bagagem era uma cadeira. lucky põe a cadeira no chão e sobe nela. lucky faz o dicotônico do texto de pozzo. lucky representa pozzo.

caroll encontrou um PdS (PRINCÍPIO DE SUBSTITUIÇÃO) para o choro. ao falar que ele (lucky) está chorando, ela põe as mãos na lã vermelha que estava com lucky, estendendo-a pelo corpo de lucky. peças do war. lucky cega pozzo com a bolsa. estragon junta as peças do war colocando-as dentro da toca de natação e sempre se esquece disso, derrubando as peças. a caroll fez isso várias vezes.

transcrição do caderno:
o ensaio de hoje foi excelente para me fazer perceber como o ser humano consegue impor sentido às noções mais absurdas, mais "sem sentido". falamos da guerra, de como é fácil convencer uma multidão sobre lógica qualquer. o movimento de tentativas - principalmente aquelas com objetos - partem de zonas muito obscuras e acabam conquistando sentidos e leituras muito interessante. já disse deleuze, rachar as palavras, rachar as coisas.